Equipa do ex-Presidente da República Jorge Sampaio apresentou, na sexta-feira, na Universidade do Porto, duas iniciativas que visam melhorar o acesso à educação para jovens oriundos de países em situação de conflito. Objetivo é aumentar de 3 para 15% a percentagem de jovens refugiados no Ensino Superior.
A partir do próximo ano letivo, os estudantes do Ensino Superior vão poder contribuir com um euro por ano para um fundo que visa apoiar o acesso à educação de jovens provenientes de países em situação de conflito.
O YES! (Youth Education Solidarity) Fund, assim batizado, foi um dos dois programas apresentados, sexta-feira, na Reitoria da Universidade do Porto pela equipa do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, que esteve na UP numa sessão que marcou o encerramento da Semana do Voluntariado.
A ideia é que cada instituição de Ensino Superior possa ter uma equipa e uma conta bancária dedicadas ao projeto. O dinheiro seria “recolhido, gerido e aplicado a nível da instituição”, como explicou Helena Barroca na sessão, garantindo ainda um “prestar de contas” regional e nacional subsequente.
Este dinheiro serviria para financiar o outro programa apresentado: o RRM ou Rapid Response Mecanism, responsável por criar, como o nome indica, mecanismos de resposta rápida para estudantes que se encontrem em situações de emergência, de forma a possibilitar que estes prossigam os estudos fora do país de origem.
Ambos os programas partem “da boa experiência” que a equipa formada pelo ex-governante montou “nos últimos anos no caso sírio [com a Plataforma Global para Estudantes Sírios]”, explicou ainda Helena Barroca.
De acordo com a assessora do ex-Presidente da República, o objetivo do RRM é “tentar ter uma resposta que não demore anos. No caso da síria, o conflito começou em 2011 e só em 2014/2015 é que começaram a aparecer iniciativas de apoios a esses jovens. Ora, quatro anos é praticamente o tempo de termos uma geração de universitários formados, e, portanto, com o atraso na resposta, estamos só a criar aquilo que os ingleses chamam de ‘lost generations’”.
“Temos 35 conflitos em curso neste momento, no mundo. Há uma imensa necessidade de formar os jovens destes 35 países, para um dia estarem bem equipados academicamente, para serem a futura geração de líderes que vai reconstruir esses países”, disse ainda a responsável.
Há no mundo, também, mais de 70 milhões de pessoas deslocadas. Independentemente da natureza da situação em que estas pessoas se encontram, Helena Barroca considera que “há um desejo comum das crianças, dos pais, das famílias, que é a educação”, um “sonho que choca duramente com a realidade”, comentou.
As estatísticas mais recentes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) mostram que apenas 3% dos refugiados têm acesso ao ensino superior. A média global da população é de 37%. “Portanto, vejam o espaço de discriminação e de pessoas deixadas para trás”, afirma.
Com o RRM e o YES! Fund, Jorge Sampaio e a sua equipa – que montaram a PGES, que já permitiu a mais de 400 jovens sírios completarem estudos em Portugal – pretendem uma evolução de 3% para 15% de jovens refugiados no Ensino Superior, em 2030.
A sessão terminou com a máxima “YES! Together we can make it happen” e com um apelo à participação na caminhada solidária que decorreu no dia seguinte, sábado, e cuja receita reverteu a favor do programa RRM.
Artigo feito em colaboração com JPN.
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