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General iraniano morto em ataque aéreo americano

General iraniano Qassem Soleimani foi morto num ataque aéreo ordenado por Trump em Bagdad. Países europeus preocupados com escalada de tensão e Irão promete "vingança".

Foto: AFP

O comandante da força de elite iraniana AL-Quds, o general Qassem Soleimani morreu num ataque aéreo contra o aeroporto internacional de Bagdad. O pentágono já confirmou que a ordem foi dada por Donald Trump. Pelo menos mais sete pessoas foram mortas no ataque, de acordo com fontes oficiais da segurança iraquiana.


Desde 2011 que os Estados Unidos consideraram o general iraniano como um terrorista estrangeiro acusado ​​de uma conspiração para matar o embaixador da Arábia Saudita em Washington e de gerir iniciativas que resultaram na morte de centenas de soldados norte-americanos no Iraque. Contudo, no Irão, Soleimani era visto por muitos como um herói nacional desde que liderou várias missões na fronteira iraquiana, durante a guerra entre o Irão e o Iraque, de 1980 a 1988. Esteve também envolvido em operações de assistência militar a grupos xiitas anti-Saddam Hussein e curdos no Iraque. Entre 2014 e 2015, ajudou no comando das forças combinadas do Governo do Iraque e de milícias xiitas contra o Daesh, o autoproclamado Estado Islâmico. Soleimani foi dado como morto várias vezes ao longo dos anos e sobreviveu a vários atentados.


Este bombardeamento surge numa altura de escalada de tensões depois de milícias iraquianas terem invadido a embaixada norte-americana em Bagdad, a 31 de dezembro.


Segundo o senador republicano Marco Rubio, Qassem Soleimani estaria a preparar um golpe no Iraque, “estava a corromper/ameaçar políticos, a explorar os recursos do Iraque e a juntar uma grande força militar leal, num esforço para transformar o Iraque numa plataforma para atacar os EUA e os nossos aliados".


Donald Trump utilizou o Twitter como plataforma para comentar o ataque. Primeiramente, tweetou somente a imagem da bandeira americana, mas pouco depois partiu para acusações. Num dos tweets, o presidente acusa Soleimani de ter morto ou ferido “milhares de americanos durante um longo período de tempo”. Acrescenta ainda que “Embora o Irão nunca venha a admitir abertamente, Soleimani era odiado e temido no país."

Vingança do Irão


O Conselho Supremo de Segurança Nacional Iraniano já reagiu ao ataque, afirmando que os Estados Unidos serão responsabilizados pelas suas ações nesta “ aventura criminal”. “Este foi o maior erro estratégico dos Estados Unidos na região da Ásia Ocidental e a América não escapará às suas consequências com facilidade” pode se ler no comunicado citado pela Reuters. O ayatollah Ali Khamenie, líder supremo do Irão, ameaçou uma “ vingança severa” contra os EUA, que caracterizou como “ os criminosos que sangram as mãos sujas com o sangue” do general.


A grande questão que se mantêm agora é como é que o Irão irá responder a este ataque. Jack Walting, investigador no Royal United Services Institute, em entrevista à agência de notícias britânica PA Media, afirmou que é muito improvável o Irão provocar uma guerra com os EUA.“O regime iraniano não pretende provocar um conflito de grande escala. O mais provável é que haja ataques às forças norte-americanas, mas conduzidos com cuidado e prudência.”


Contudo, há neste ataque um fator inédito – um “assassinato sem qualquer contexto de conflito armado declarado”, cometido num país “que não esta em guerra com os EUA”- reconhece o investigador.


Opinião Internacional


O ministro dos Negócios Estrangeiros Russos, Sergei Lavrov, afirmou que o ataque aéreo norte-americano “ irá tornar a situação ainda mais tensa no Médio Oriente” e ofereceu as suas condolências, tanto ao povo iraniano como ao general assassinado, “que protegeu devotadamente os interesses nacionais do Irão.”


Já o governo Chinês, com importantes laços com o regime iraquiano, pediu contenção a todos os envolvidos, mas sobretudo aos EUA. O porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, afirmou que “soberania e integridade territorial do Iraque deve ser respeitada e deve ser mantida a paz e estabilidade no Médio Oriente e na região do Golfo”. “Estes acontecimentos são da maior importância para nós. A China sempre se opôs ao uso da força nas relações internacionais e defende que sejam respeitados os princípios da Carta das Nações Unidos”.


Vários países europeus reagiram ao ataque, alertando para a “ escalada de tensão”. “Agora é importante contribuir para uma redução desta com cautela e contenção”, afirmou Ulrike Demmer, porta-voz da Chancelaria alemã, numa conferência de imprensa.





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