Hong Kong paralisada há 4 dias. Polícia diz que a universidade se transformou numa fábrica de armas, estudantes armam-se com arco e flecha.
Pelo quarto dia consecutivo, a cidade de Hong Kong está paralisada. Os protestos pró-democracia forçaram o encerramento das escolas do ensino básico e bloquearam várias estradas.
Simultaneamente, tijolos estão a ser utilizados, na universidade politécnica de Hong Kong, como forma de proteção contra o lançamento de gás lacrimogénio. Os estudantes barricaram-se - com cadeiras, mesas, bancos de jardim amontoados- e dizem estar preparados para combater a polícia.
O chão e as paredes da universidade foram grafitadas com várias mensagens, entre elas “Quem mata deve compensar com a sua vida” e “ ideias são à prova de bala”.
As mensagens referem-se à morte de um estudante, Chow Tsz-lok, 22 anos, que morreu na última quinta feira, depois de sofrer danos cerebrais devido a uma queda durante os protestos. Chow marca a primeira morto por ferimentos sofridos durante manifestações antigovernamentais na cidade.
A maior parte das universidades anunciou a redução da duração dos períodos de aulas. Alguns países com estudantes em Hong Kong começaram a retirar os seus alunos, como a Austrália, a Dinamarca e até a China. Os estudantes portugueses que pretendam apoio devem enviar os seus dados para o Consulado-Geral de Portugal em Hong Kong ou Macau.
A polícia acusa a universidade de Hong Kong de ser uma “ fábrica de armas”. Para além de cocktails molotov, muitos dos protestantes estão armados com arcos e flechas, que os estudantes retiraram do centro de desporto da universidade.
Na terça-feira à noite, a polícia disparou várias vezes e usou gás lacrimogénio e canhões de água contra os estudantes, que retaliaram com cocktails molotov e tijolos. Segundo a polícia, os estudantes atiraram mais de 400 cocktais molotov.
“ Podemos perguntar de onde vieram todos esses coktail molotvs e armas? “, disse Ch Tse Chun-Chung, diretor de relações públicas da polícia. “Quem diria que uma universidade se tornaria uma base de fabricação de cocktais molotov e um refúgio para manifestantes e criminosos?”
Segundo dados libertados pela polícia, foram presos 142 pessoas e disparadas 1312 balas de borracha.
Até agora a polícia não entrou em recintos universitários. Segundo analistas ouvidos pelo The Guardian, a transformação das universidades em campos de batalhas significa uma grande escalada nos protestos.
O território governado pela China já conta com seis meses de protestos, despoletados pela Extradition Bill mas que rapidamente se transformaram num movimento pró-democrático.
Estão marcadas para dia 24 de novembro eleições para os concelhos de vários distritos. Há receios de que a votação possa ser cancelada, visto que alguns candidatos já foram alvo de ataques- um pró-governo esfaqueado e um pró-democracia perdeu parte de uma orelha.
“A situação é muito volátil e é difícil fazer qualquer previsão. Estas duas semanas até à eleição vão ser determinantes, uma vez que os candidatos da oposição esperam uma grande vitória. Cancelar as eleições só piorará a situação”, disse Ho-Fung Hung, professor de Política na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
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