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Conjunto Corona: Mafiando Hard Club adentro

A 8 de dezembro de 2018, os Corona davam o primeiro concerto da tour do Santa Rita Lifestyle no Hard Club. Para o último concerto voltaram ao Porto no sábado passado. O mesmo lugar, mas desta vez numa sala maior.


Foto: Adriana Pinto

As portas da sala 1 abriram às 22h. Às 22h45 a plateia já estava bem composta com fãs ansiosos pelos “Beastie Boys de Rio Tinto” (e arredores), mas nem sinal deles. Os mais impacientes começaram a assobiar o DJ presente.


Por volta das 23h, o concerto começou. David Bruno apareceu no palco com um cachecol nas mãos e em milésimas de segundos um coro formou-se a cantar “GON-DO-MAR! GON-DO-MAR!” com uma vontade de quem apoia o clube do coração. Logos e a mascote “Homem do Robe” juntaram-se ao cântico. Com eles estava também Kron Silva, presença e colaboração habitual.


A primeira música da noite fez tremer o chão. O público todo a saltar enquanto se canta "187 no bloco". A energia era tanta na plateia como no palco.


Mas a festa não se faz sozinha e os Corona trazem convidados. PZ sobe ao palco, com ar relaxado, calças de pijama e uma camisola que proíbe o bacalhau. Vem se juntar num hino à “melhor terra do mundo - Gaia”, segundo DB, com "Perdido na Variante".


Fotos: Adriana Pinto


Continuando na onda de Santa Rita Lifestyle, com "Eu não bebo coca-cola eu snifo", o público manteve o mesmo entusiasmo inicial sem cansaço possível à vista. Um público fiel ao conjunto. Tão fiel que DB chama ao palco dois fãs que os acompanham há vários concertos.

A proximidade nota-se, o concerto transforma-se numa conversa entre músicas e numa atuação conjunta entre o público e os Corona. Uma grande celebração da Portugalidade que não vem nos livros, a cultura suburbana-popular e o mundo da chunguice.


Santa Rita Lifestyle é um álbum inspirado pela descoberta de Corona da religião e, por isso, não podia faltar um momento para rezar. Não houve um único braço que não estivesse elevado aos céus enquanto se fazia ouvir "Profecias", num silêncio de respeito. No fim da missa é hora de beber o sangue de Deus. Neste caso, bebe-se hidromel. O Homem do Robe distribuiu copos pela plateia e todos bebem em honra aos tunings de Santa Rita.

Segue o concerto com os temas “Funk e Dopamina” e “Splash Bang Boom”, cantados com a mesma euforia.

Foto: Adriana Pinto

Um concerto não se faz só de momentos altos. Chega a hora de acalmar os ânimos. David Bruno pede para diminuir as luzes para “um tema muito íntimo, é preciso um momento íntimo”. É difícil mas o público acalma para ouvir "Isto não pagas com part times só". No entanto, só por meros momentos, porque quando o refrão soa já está tudo descontrolado de novo.


Deixando Santa Rita, entramos na viagem Lo-fi Hipster. David Bruno relembra uma altura onde o Porto ainda não era gentrificado, mas já existiam “essas easyJets e Ryanairs e tudo mais”, com "Pontapé nas Costas".


Logos ainda estava a introduzir a música seguinte quando arremessaram saquetas de açúcar mal se falou em "Pacotes". Corona e o público em sintonia perfeita - um concerto cheio de inside jokes, desde os cachecóis de “Papa Tintos” aos gritos constantes por Gondomar e “É Lhetra!”.



Fotos: Adriana Pinto


“Esta música é dedicada a um senhor que ganhou um Grammy latino“ diz David Bruno em tom de escárnio, referindo-se a José Cid. "Chino no olho" foi cantada com tanta intensidade que o próprio Rui Reininho poderia ouvir da sua casa (provavelmente).


Antes do encore ainda deu tempo para "Bongo Bizarre", um regresso inesperado de "Motel Califórnia" e uma eulogia aos bairros portuenses com "Mafiando Bairro Adentro" – desde a Prelada a Custóias.


“Vamos fingir que o concerto acaba agora, vamos ali atrás fazer um chichizinho. Se fizerem muito barulho voltamos para cantar mais uma ou duas”, disse DB. E a plateia obedeceu sem hesitar.


Antes de cantarem as últimas músicas, Logos avistou no mar de gente o bucket hat que tinha dado no primeiro concerto. Com o chapéu na cabeça, o ciclo fechou-se como começou. "Santa Rita Lifestyle" e, pela segunda vez, "187 no Bloco" acabaram o concerto num ponto alto.


"Já disse e volto a dizer, vocês são demasiado gentis. Obrigado!” despediram-se David Bruno e o resto dos membros. Agora de vez.

Foto: Adriana Pinto

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