A tensão entre a Joacine Katar Moreira e o Livre despoletou no sábado, dia 23, e culminou esta quinta-feira, dia 28, quando o partido anunciou que vai investigar o ‘caso’ da deputada.
O anúncio foi o culminar de uma semana preenchida de polémica e de tensão entre o Livre e Joacine Katar Moreira, a deputada única do partido.
A tensão iniciou-se quando, na manhã do dia 23, o Grupo de Contacto do Livre veio a público criticar a abstenção de Joacine na votação parlamentar pela condenação da “nova agressão israelita a Gaza e da declaração da administração Trump sobre os colonatos israelitas”, apresentada pelo PCP.
Segundo o comunicado do partido, a abstenção da deputada foi um “contrassenso com o programa eleitoral do Livre e com o historial de posicionamento do partido nestas matérias”, afirmando que o voto sobre Gaza colhe uma posição favorável por parte da direção.
No mesmo dia, mais tarde, Joacine lançou um comunicado em que explica que a sua abstenção se deveu a uma “falta de comunicação” com o Livre.
Depois da polémica gerada e troca de comunicados durante o dia de sábado, no domingo, em entrevista ao Observador, a deputada criticou duramente a liderança do seu partido. “Fui eu que ganhei as eleições, sozinha”, disse, acrescentando ainda que não se sentiu apoiada durante a campanha eleitoral.
Perante tal, Rui Tavares, um dos membros fundadores, à entrada para a Assembleia do Livre, disse sentir-se “perplexo” com as afirmações da deputada. Pouco tempo depois, Joacine veio garantir que é “absolutamente impossível” abandonar o partido e que pretende cumprir aquilo que lhe foi mandatado.
No final da reunião - marcada para analisar a abstenção da deputada no voto sobre Gaza -, a Assembleia do Livre emitiu um comunicado onde prometia melhor comunicação entre Joacine e o Grupo de Contacto do partido.
Depois de um dia de silêncio, terça-feira, dia 26, soube-se que o Livre havia falhado o prazo de entrega de projeto acerca da lei da nacionalidade – uma das suas bandeiras eleitorais.
No mesmo dia, Joacine foi escoltada por um segurança dentro do Parlamento, que, segundo a RTP e a SIC, tentava impedir os jornalistas de colocarem perguntas à deputada do L.
Em duas ocasiões ao longo do dia, quando os jornalistas tentaram questionar Joacine, o seu assessor e o segurança impediram-nos.
Terça-feira ficou-se a saber, ainda, que a deputada iria enfrentar o ‘tribunal’ do Livre “por insistência de Rui Tavares”, segundo declarações do seu assessor ao Diário de Notícias.
Na quarta-feira, dia 27, dia de debate quinzenal no Parlamento, Joacine Katar Moreira garantiu, novamente, que não iria abandonar o Livre. “Se estou neste partido, é porque me identifico com as ideias e princípios fundadores”, assumiu ao jornal Público.
No mesmo dia, em entrevista à Rádio Observador, o assessor da deputada veio afirmar que caso a “pressão” dos jornalistas continuasse, iria voltar a chamar o segurança, queixando-se das “interrupções constantes” por parte dos repórteres.
Quem veio também criticar o recurso a um segurança foi Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, que solicitou explicações à GNR, força policial responsável no Parlamento.
Após o debate quinzenal com o primeiro-ministro, Joacine, em declarações à Lusa, exigiu “respeito” por parte dos jornalistas.
No culminar de uma semana caótica, soube-se que a Comissão de Ética e Arbitragem do partido iria investigar a abstenção da deputada face ao voto sobre Gaza e que Miguel Dias, um dos membros fundadores do Livre, anunciou o seu afastamento do partido, baseando a sua decisão numa “questão de forma e de postura política” do L.
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